Senhoras e senhores: Halestorm

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Estou atrasada, eu sei. O show sobre o qual vou falar aconteceu no domingo (16). Me atrasei também na descoberta da banda, confesso. O Halestorm existe desde 1997 e teve o primeiro disco lançado em 2009. E eu – justo eu, que amo bandas de rock com mulheres cantando – só ouvi a banda pela primeira vez neste ano, graças a volta da 89 FM. “Love Bites (And So Do I)” foi a primeira música da banda que ouvi no rádio. Foi também a canção que abriu o sensacional show no Carioca Club. E a paixão à primeira vista se transformou em amor verdadeiro.

Se você já conhece o Halestorm, com certeza já leu em algum lugar que a banda venceu a 55ª edição do Grammy, na categoria Melhor Performance de Hard Rock / Metal, em 2013. Tá, eu sei. Estamos em tempos de protestos e muitos vão dizer que o Grammy não nos representa. Mas nesse caso, e eu vi com os meus próprios olhos, os ‘reaças’ da National Academy of Recording Arts and Sciences dos Estados Unidos acertaram em cheio. Há muito tempo que eu não via uma banda tocando com tanto tesão por estar no palco. E é exatamente isso que faz do show da banda fortíssimo candidato para a categoria de melhor show que eu vi em 2013.

A abertura da noite ficou por conta do Adrenaline Mob, banda que tem como ‘estrela’ o baterista Mike Portnoy (ex-Dream Theater). Ou pelo menos tinha. Portnoy anunciou que faria seu último show com a banda aqui em São Paulo. Além do baterista, a banda, bastante entrosada, tem músicos competentíssimos e fez um excelente show, que contou, inclusive, com a participação da vocalista da Halestorm, Lzzy Hale, cantando o cover de Duran Duran, “Come Undone”, ao lado do vocalista Russell Allen.

photo (1)E por falar em Lzzy Hale… Ah, Lzzy Hale… No palco, a linda ‘mocinha’ de 1,67 m vira um monstro, uma gigante. Além do vozeirão rasgado que impressiona em todas as músicas, Lzzy também é capaz de dominar todos os espaços do palco, de administrar com maestria todas as atenções e ainda se comunicar com o público de forma a convencer-nos, todos, de que somos velhos amigos. Durante quase todo o show, seguimos praticamente hipnotizados por Lzzy, enquanto a banda toca uma mistura de canções dos dois discos já lançados. Até que ela deixa o palco, após nos apresentar seu irmão, o baterista Arejay Hale, que aos 10 anos de idade, fundou ao lado dela a banda que nos entretém.

Não sou fã de solos, tenho que admitir, mesmo quando esses são realizados por músicos conhecidos por sua virtuose e considerados os ‘melhores do mundo’. Além disso, assistindo aos vídeos da banda, à primeira vista, rotulei o baterista do Halestorm de ‘garoto tonto que gosta de aparecer e fazer firulas’, já que ele dá um verdadeiro show de contorcionismo enquanto toca. Paguei a língua. Menos de dois minutos após torcer o nariz para a ideia de um solo de bateria, o garoto tonto já havia ganho a minha simpatia, exatamente por sê-lo. Arejay não faz firulas para aparecer, mas sim para se divertir, e se diverte a valer. É nitidamente perceptível. A consequência é que ele termina nos divertindo também. Não foi o melhor e mais virtuoso solo de bateria que eu já vi na vida, apesar da participação (ovacionada) de Mike Portnoy. Mas foi o único no qual eu consegui manter presa a minha volátil atenção o tempo todo, do começo ao fim, e é esse o mérito do menino. Arejay largou as baquetas e tocou com as mãos, saltou do banco igual um bobo enquanto tocava, usou baquetas gigantes e conversou com o público em português, mantendo para si a atenção do público com o mesmo talento da irmã.

Eu já havia visto inúmeros vídeos da banda tocando ao vivo antes de ir ao Carioca Club no domingo. Mas acho que nenhum deles faz jus à energia que o Halestorm tem no palco. É difícil explicar a sensação de ter visto um verdadeiro show de rock que tomou conta de mim após o término da apresentação, principalmente porque não é a primeira e nem a última vez que verei uma banda de rock ao vivo. Mas acredito que o Halestorm tem aquele ‘não sei o que’ sem nome que faz de algumas bandas realmente especiais. E saí dali muito feliz em perceber que longe dos meus olhos ainda podem estar surgindo no mundo muitas outras bandas ‘novas’ como essa, para arejar o burocrático cenário do rock da atualidade.

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